Não é a primeira vez que me despeço de Lisboa. Não é a primeira vez que
me despeço dos meus pais, da minha casa e dos meus amigos, e do Simba. Não é a
primeira vez que parto. Quando fui de Erasmus para Bari despedi-me da vida que
conhecia por seis meses. Depois voltei e estive um ano e meio em Lisboa. Depois
parti de novo, para o estágio em Génova por oito meses. E depois voltei outra vez
e fiquei quatro anos. Agora parto novamente, desta vez por dez meses.
Em todas as partidas o coração fica apertado e as saudades são muitas.
E em todas as partidas a adrenalida do novo e desconhecido anestesia a saudade.
Mas tenho a sensação, agora, que nunca uma despedida foi tão difícil como esta.
Talvez porque vou embora por dez meses seguidos, sem voltar no Natal e na Páscoa.
Talvez porque vou para o outro lado do mundo, a um oceano e um continente de
distância, com seis horas de diferença de fuso horário, dificultando as
comunicações. E talvez porque esta partida significa o fim de um ciclo. Uma
fase da vida que termina, fazendo sentir que quando voltar tudo será diferente.
Diferente porque não sou a única a ir embora agora, não sou a única a mudar,
porque a minha partida é apenas mais uma mudança num conjunto de mudanças que
estão a acontecer desde há alguns meses na vida que eu conheci em Lisboa.
Quando voltar será tudo outra vez novo, e mesmo sabendo que Lisboa e os meus
pais e os meus amigos estarão lá à minha espera, será diferente do que é agora.
E agora é tão bom. Tão bom que me faz questionar porque parto. Tão bom que já
tenho saudades e a andrenalida do novo e desconhecido não está a anestesiar o
suficiente.
Mas a vida é mesmo assim. Feita de princípios e fins. De fases e ciclos
que começam e acabam. De coisas que custam fazer mas que sentimos que temos de
fazer. Cada fim é um novo começo. E cada Adeus lança a perspectiva de um novo
Olá. Até já Lisboa!
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